Nesse post transcrevo as diferentes traduções que Testemunhas de Jeová usam para afirmar que a Tradução do Novo Mundo não é a única que traduz Jo.1.1 como “e o verbo era um deus”. Na verdade, nunca afirmei que a TNM era a única que assim vertia, mas é a versão que temos estudado e nela mantemos nosso foco.

Dentre todas as versões que já recebi por e-mail, resolvi organizar entre as que são Paráfrases e aquelas que podem ser consideradas traduções. Para cada grupo, reagrupei em ainda dois subgrupos, os que apóiam a TNM e aquelas que não a apóiam. Para cada tradução, vou fazer alguma observação, para que o leitor possa ter mais subsídios para verificar a veracidade, ou da tradução ou da paráfrase usada.

Nessas listas não farei uso de versões que me foram enviadas em idiomas que não tenho domínio para julgar suas traduções ou paráfrases. Por isso, mantenho-me apenas entre as versões/paráfrases em português, espanhol e inglês.

A lista provém de:

http://traducaodonovomundodefendida.blogspot.com/2009/07/traducao-do-novo-mundo-defendida.html (transcrita por Rubens Dantas)

1. Considerações sobre a tradução de Jo.1.1c

Antes de iniciarmos nossa análise das versões, é preciso dizer, ainda que brevemente, que a tradução de Jo.1.1c é uma ocasião onde apenas três conceituações de tradução são possíveis. Isso acontece em função de que a contrução desse texto é um predicado nominativo (PN) anartro e pré-verbal e nesse caso a tradução pode ser:

  1. Qualitativa: O sentido qualitativo poderia ser bem representado em João 3.6: “ὸ γεγεννημένον ἐκ τῆς σαρκὸς σάρξ ἐστι (lit. carne é), καὶ τὸ γεγεννημένον ἐκ τοῦ Πνεύματος πνεῦμά ἐστι (lit. espírito é).”. Nos dois casos o sentido qualitativo seria uma boa expressão do texto: “Quem nasce da carne é carnal; quem nasce do Espírito é espiritual”. Esse modo de tradução é completamente plausível como modo de tradução de um PN anartro e pré-verbal.
  2. Correlata: A tradução correlata de um PN anartro e pré-verbal é aquele modo de tradução em que a ausência do artigo é vista no original e na tradução. Esse tipo de ocasião é altamente freqüente. D.A. Carson nos informa que “Um predicado nominativo pré-verbal é definido em aproximadamente 87% dos casos no NT[1]”. Esse tipo de tradução pode ser vista em Lucas 7.8: “καὶ γὰρ ἐγὼ νθρωπός εἰμι ὑπὸ ἐξουσίαν τασσόμενος”. A tradução mais acertada não é nem “o homem” ou “um homem”, mas como foi demonstrada na TNM: “homem”.
  3. Indefinida: A tradução indefinida é uma possibilidade quando temos um PN anarto e pré-verbal, mas ainda assim seu uso é raro no NT e normalmente há grande debate sobre seu uso ou viabilidade. Alguns gramáticos sugerem que um caso onde isso pode ocorrer é em 1Tm.6.10: “ῥίζα γὰρ πάντων τῶν κακῶν ἐστιν ἡ φιλαργυρία”. Note que a versão ASV e a NIV usam a expressão de modo indefinido, ao passo que a KJV prefere usá-la definidamente. Em português a ARF e ARC usam definido ao passo que a ARA o faz de modo correlato, como a TNM.

O que temos que dizer após essa breve apresentação é que dos três conceitos apresentados para se traduzir um PN anartro e pré-verbal, duas estão em consoância com a visão trinitária das escrituras: Tanto a correlata quanto a qualitativa são boas opções para a tradução de Jo.1.1 e não contradizem a Trindade, por assim dizer. Afirmar que Cristo tem a mesma natureza que Deus, ou que Ele é divino, do ponto de vista de que só existe um Deus, é assumir que Ele também é Deus.

Em função da confusão que alguns TJs fazem com esse conceito, preciso dizer que os Trinitários não afirmam que Cristo (Logos) é o mesmo que o Deus-Pai, os Sabelianos e Modalistas dizem isso. Nós dizemos que o Pai e o Filho têm a mesma essência e mesma natureza, mas são pessoas diferentes. Por outro lado, não afirmamos que além do Deus-Pai exista outro deus menos chamado Jesus, como os TJs dizem. Por isso, que a correta tradução de Jo.1.1c pode nos auxiliar a resolver o modo como compreendemos a Deus.

Contudo, mais uma observação deve ser feita aqui: A tradução indefinida é antagônica às outras duas. Não é possível que um ser criado (indefinida) seja da mesma natureza (qualitativa) que seu Criador ou Deus (correlata). Segundo as escrituras, nada na criação tem mesma natureza ou essência do Criador, tudo é criado distinto do Criador. Ou seja, se Jesus é criado como um outro deus e lhe é inferior não pode ter a mesma natureza de Deus ou ser Ele mesmo Deus.

Além disso, se Jesus é um deus, ele é mais um deus além de Jeová (Deus-Pai) e essa leitura, se levada a sério, indicará um politeísmo absurdo diante de Dt.6.4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR[2]”. Bruce Metzger, em uma obra chamada “Theology Today”, diz: “Deve-se declarar com franqueza que, se os Testemunhas de Jeová levarem a sério essa tradução, eles são politeístas[3]”. Essa leitura, além de pouco provável diante da gramática grega, é uma afronta ao todo da revelação das escrituras. Mais uma importante nota deve ser acrescida aqui: “se θεος fosse indefinido em Jo.1.1, seria o único caso de PN anartro e pré-verbal no evangelho de João traduzido indefinidamente[4]”.

Com isso dito, podemos iniciar nossa análise das versões listadas pelos TJs como defensoras da leitura da TNM.

2. Paráfrases

O termo paráfrase provém do latim paraphrăsis que por sua vez provém do grego παράφρασις. Uma paráfrase não é uma tradução, na verdade é uma tentativa de desenvolver um texto com o objetivo de explicá-lo com palavras mais simples. Alguns entendem que as paráfrases podem ser traduções livres, ou seja, não necessariamente correlatas ao texto original, mas uma forma simplificada e explicativa daquilo que se entende do texto original.

Um exemplo de paráfrase das escrituras bem conhecido dos cristãos é a Bíblia Viva. No prefácio dessa obra, os editores se propuseram a definir o que é uma paráfrase e o fizeram nesses termos:

Parafrasear é expresar o pensamento de um autor em palavras mais compreensíveis que aquelas usadas originalmente. Nesta obra tentamos expressar o mais exatamente possível o que os autores queriam dizer, e expressar em palavras fáceis de entender, às vezes extendendo as sentenças para que o leitor moderno as compreenda com toda clareza

Entretanto, é importante se dizer que por mais nobre que seja uma iniciativa de paráfrase, toda paráfrase incorre no risco de dizer o que o autor original não teria dito ou tentado dizer, o que acontece diversas vezes na Bíblia Viva.

Tendo dito isso, tenho que ser honesto com o leitor e dizer que nem todas as versões listadas abaixo foram escritas como a Bíblia Viva o foi: com a intenção de ser paráfrase. Na verdade, as considerei como paráfrase, pois seus tradutores ousaram acrescer mais termos que os que encontramos no original na tentativa de explicar o que ele entende pelo texto original. Em alguns casos o leitor irá perceber que o texto não é de uma tradução, mas de uma explicação ou comentário do autor sobre o texto grego.

Assim, espero que essa categorização o ajude a entender o que significa uma lista tão grande de versões que supostamente suportam a leitura da TNM.

A. Supostamente suportam a leitura da TNM

Algumas versões citadas abaixo parecem suportar a leitura que a TNM opta em Jo.1.1c, entretanto temos que ser claros quanto aos autores de tais versões. Para algumas dessas versões não achei informações confiáveis e por isso apenas transcrevo aqui o que recebi.

Segundo diversas listas TJ de tradução de Jo.1.1 uma tradução apresentada como Schneider, 1978, traduz o texto do seguinte modo: “and godlike sort was the Logos” (de sorte semelhante a Deus[5]). Nesse caso, tenho que admitir que a tradução oferecida não parece compatível com a proposta de Schneider, mas a idéia aqui é demonstrar que o autor dessa tradução inseriu termos para expressar o que ele entende do texto. Portanto, essa é uma paráfrase e nesse caso, se a intenção do autor fosse auferir o modo de tradução qualitativa (divino) tal tradução não é antagônica a visão trinitária do cristianismo.

1. New Simplified Bible

Essa versão é realizada por James Madsen e está totalmente disponível online. É interessante que seu autor opta por acrescer termos entre parêntesis para explicar o que se quis dizer com o termo principal em sua tradução, ou para acrescer uma referência bíblica para o verso traduzido. Esse fenômeno acontece algumas vezes no primeiro capítulo de João e abaixo transcrevo um exemplo disso:

6 God sent a man named John (Malachi 3.1)

7 He came to tell (witness) (testify) about the light and help people have faith

James Madsen conta sua história de busca religiosa e como tornou-se uma Testemunha de Jeová, e no fim desse documento diz que quando o computador ficou mais barato ele comprou um e obteve tantos softwares de Bíblia quando pode comprar para começar a traduzir e escrever essa versão de Bíblia.

Em outras palavras, uma Testemunha de Jeová resolveu traduzir as escrituras. Ou seja, era de se esperar uma tradução que coubesse a Teologia Testemunha de Jeová. Mas, é interssante que sua “Jeovah Version” traduz o texto de modo quase qualitativo.

In the beginning was the Word, and the Word was with God, and the Word was like God

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era como Deus

Essa tradução do modo como está estampada é mais distante do sentido indefinido oferecido pela TNM que da opção correlata da ARA: era como Deus, ou seja, divino. Como Jesus pode ser como Deus (em letra maiúscula) se a TNM defende que Jesus é um outro deus (com letra minúscula)?

2. A Liberal Translation of the New Testament

Essa versão foi realizada por Edward Harwood e considerada como uma paráfrase por ele mesmo. No prefácio dessa obra ele nos oferece seu objetivo em fazer tal empreendimento: “Traduzir os escritores sagrados do Novo Testamento com a mesma liberdade, imparcialidade e elegância com que outras traduções do grego clássico tem sido executadas recentemente, e abrigar as idéias genuínas e doutrinas dos apóstolos com propriedade e perspicácia”.

Não podemos ignorar a credibilidade desse autor, pois antes de empreender esse esforço publicou duas obras de respeito em sua época: An Introduction to the Study and Knowledge of the New Testament (London, 1767) e The New Testament, collated with the most approved manuscripts; with select notes in English, critical and explanatory, and references to those authors who have best illustrated the sacred writings. To which are added, a Catalogue of the principal Editions of the Greek Testament; and a List of the most esteemed Commentators and critics (London,1776).

Bruce Metzger, em um artigo chamado “Theories of the Translation Process” (Bibliotheca Sacra 150:598, PP.140-150) diz que Harwood estava insatisfeito com o que ele chamou de “línguas desnudas e bárbaras da versão antiga e vulgar, ou seja, a Versão Autorizada, em 1768 produziu um Novo Testamento no estilo elevado de Inglês que era corrente entre muitos autores britânicos na segunda metade do século XVIII[6]”. Entretanto, pouco à frente afirma que tal versão é idiossincrática.

Michael Marlowe defende que a paráfrase de Harwood “imita o estilo ornamentado e detalhado da escrita típica da prosa inglesa do século XVIII, e tem sido frequentemente citada como um exemplo notável de mau gosto e tratamento inadequado da Escritura[7]”. Sobre essa versão, de poucos amigos, Richard C. Trench escreveu: “Da Tradução Liberal do Novo Testamento de Harwood (Londres, 1768), e as loucuras dela, não muito longe de ser uma blasfêmia, é desnecessário dar qualquer detalhes[8]”. É válido dizer que Harwood é considerado um unitarista.

Ou seja, é uma paráfrase que como outras suscita adimiradores e pessoas completamente insatisfeitas, dependendo do foco/objetivo que se analisa a obra.

Em Jo.1.1 essa paráfrase verteu:

“e era ele mesmo uma pessoa divina

Sobre a credibilidade do autor e da validade de sua obra, deixo isso nas mãos do leitor para que decida. O que pretendo aqui é observar a viabilidade de tal paráfrase. Uma vez que uma paráfrase está mais ligada ao modo como seu autor entende o texto, podemos dizer que essa paráfrase é possível. A questão se essa paráfrase é digna de representação do texto grego, acredito que não.

Nesse caso entendo que Harwood associou dois modos de tradução que não podem ocorrer ao mesmo tempo: (1) Ele usa o modo indefinido de tradução do famoso PN anartro e pré-verbal de Jo.1.1c: uma pessoa divina; ao mesmo tempo que (2) usa o modo qualitativo: uma pessoa divina. Essa opção “BEM-EM-CIMA-DO-MURO” não representa com exatidão o texto grego. Se os TJs querem usar isso como defesa da TNM, demonstram por fato que gramática grega não é importante para a tradução.

3. Young Literal Translation

Essa versão, também conhecida como YLT, foi produzida por Robert Young. Trata-se de uma versão muito literal que pretende manter os tempos verbais e as palavras usadas no texto original. Essa versão foi publicada em 1862 e revisada em 1887 e republicada após a morte de Young em 1889.

Segundo o prefácio dessa obra Young diz: “Se a tradução dá um tempo presente, quando o original dá um passado, um passado ou quando se tem um presente, um perfeito para um futuro, ou um futuro para um perfeito (…) é evidente que a inspiração verbal é tão esquecido como se não tivesse existência. A PALAVRA DE DEUS É ANULADA PELO TRADIÇÕES DOS HOMENS”.

O zelo pela tradução bíblica que Young demonstra aqui merece nosso respeito. Aliás, é digno de passagem que sua versão não verte o texto como algumas vezes os TJs pensam. Em sua tradução lemos Jo1.1. do seguinte modo: “In the beginning was the Word, and the Word was with God, and the Word was God” (No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus). Como essa versão é pública na internet o leitor fará bem se visitá-lo para ver com os próprios olhos (YLT Jo.1.1 – NOTE A LETRA MAIÚSCULA PARA DEUS).

É interessante que os TJs usem essa versão ou esse acadêmico para justificar suas leituras. É bem verdade que normalmente os TJs dizem que foi na obra “Concise commentary on the holy Bible” que Young defende uma tradução indefinida. Entretanto, na página 54 dessa obra você encontrará o texto que Young comenta: “the Word was God”. Em suas notas Young sempre apresenta a forma literal do texto (haja visto que escreveu uma versão bíblica desse modo), e em Jo.1.1c diz: “mais literalmente e um Deus (i.e. Ser Divino) era o Verbo, ou seja, ele estava em existência e era reconhecido como tal” (Note que Young nesse texto usa a mesma sequência do texto grego e letra maiúscula para Deus – Será que ele defende o que os TJs defendem? Duvido).

É válido lembrar que ao traduzir literalemente “um Deus” Young deixa uma nota explicativa de que entente essa expressão qualitativamente: Ser Divino. É ainda mais importante notar que ele faz uso do letra D em maiúsculo ao se referir ao Logos. Ou seja, essa versão e esse comentário não suportam a TNM, trata-se de mais uma falácia TJ.

4. Citação do Jesuita John L. McKenzie

Mckenzie é outro acadêmico mal citado. Os TJs ao citarem McKenzie fora de contexto e apenas uma parte de seu artigo, fica a sensação de que ele ensina que o Verbo (Jesus) é menor do que o Deus, porque ele disse que Jo.1.1 “deve ser rigorosamente traduzido. . . ‘e a palavra era um ser divino“.

Robert M. Bowman sobre isso diz: “McKenzie também afirma que Jesus é chamado de “Deus” em ambos João 20:28 e Tito 2:13 e que João 1:1-18 expressa “uma identidade entre Deus e Jesus Cristo.; Essas palavras de McKenzie realmente argumentam contra a posição da Watchtower[9]”. É importante dizer que ele também cita João 20.28 e Colossences 2.9 como exemplos de que Jesus é chamado “ὁ Θεός” (o Deus) ou plenamente Deus.

Outro detalhe que merece nossa atenção é que Mckenzie chama o Deus-Pai (Jeová) de Ser Divino em referência ao monoteísmo judaico. Ou seja, na mente de Mckenzie ele não entende o texto como os TJs o entendem, na verdade ele se opõe à essa compreensão.

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O que podemos dizer até aqui é que as traduções oferecidas não favorecem a leitura da TNM, nem mesmo a tradução de James Madsen, um TJ. Já a má tradução de Harwood poderia ser usada, mas isso mais fomenta a falta de credibilidade da TNM do que a suporta.

Vamos ver outras versões usadas para defender a TNM que não defendem nem de longe.

B. Não suportam a leitura da TNM

Chamo sua atenção agora para o fato de que algumas das traduções usadas pelos TJs para defenderema TNM são tão trinitárias que deveriam envergonhar aqueles que as usam em defesa da TMN.

A verdade é que a tradução qualitativa está exposta em todas as versões abaixo, exceto em duas traduções que veremos mais à frente. Eu tenho a impressão que os TJs acreditam que os trinitários só aceitam um modo de tradução: a correlata como se fosse definida. Mas, isso não é verdade. Vamos analisar outros exemplos aqui:

1. Simple English Bible (International Bible Translators – Extreme New Testament)

Essa obra foi publicada em 1980 e traduzida por Stanley Morris que se limitou a usar 3000 palavras no vocabulário dessa obra e a transcrevê-la mais do modo mais cotidiano possível. Como toda paráfrase, foi criticada e sua credibilidade como tradução foi questionada. Charles Holt, no periódico The Examiner (Vol.3, no.5) excreveu um artigo chamado Recommended: The Simple English Bible (NT” e nesse artigo disse que Morris “é um estudioso altamente reconhecidos em grego, hebraico e no trabalho de tradução, e é o princípal tradutor da Bíblia[10]”. Segundo o mesmo autor, essa é uma versão de fácil leitura e compreensão.

Não é à toa que pouco tempo depois tal versão tenha sido reeditada e reorganizada por mais de 1500 pessoas em processo de tradução e essa versão tornou-se uma Bíblia para o público jovem, atualmente conhecida como “Extreme New Testament”, que teria sido escrita como se o inglês tivesse sido a língua original. Projeto ousado e cheio de críticas, mas útil em seu propósito: oferecer aos jovens uma leitura simples e fácil.

Essa versão verteu Jo.1.1c do seguinte modo:

“e a mensagem era deidade

Essa versão traz duas novidade para nós até aqui: (1) a tradução de Logos como Mensagem. Essa é uma tradução possível para o termo, que também poderia ser traduzido por palavra, razão. Isso não é nem um pouco equivocado, mas pode levar ao equívoco se não bem explicada. (2) Ela traduz a sentença qualitativamente, entretanto não usa a palavra divindade, mas deidade. Ambas oferecem o mesmo sentido, mas deidade (aos meus olhos) parece mais adequada, uma vez que a palavra divino é tão banalizada em nossos dias. Bom, de qualquer forma, essa versão, escrita por trinitários e para trinitários não é unicista nem unitarista como os TJs gostariam que fosse.

É interessante que na lista que os TJs oferecem eles colocam a Simple English Bible e a International Bible Translators NT (IBT) como se fossem duas Bíblias o que não são. Na verdade, a IBT é a Extreme New Testament, ou seja, as duas evidências contam como uma só, até por que ambas mantém a mesma leitura.

Esse é um triste exemplo de que para um TJ o número de versões é importante para seu argumento. Ou seja, se conseguirem muitas versões para agrupar poderão argumentar que se eles estão errados todos os outros estão. Se você tiver paciência, visite um artigo no Teologando chamado Tradução Comparada de 1Jo.1.1-3 e você mesmo verá um professor de Grego e Hebraico fazendo exatamente esse argumento. Esse tipo de argumento costumo chamar de argumento do Escudo e da Ilusão. Por um lado, se escondem atrás de um escudo cheio de versões, por outro lado causam a ilusão de que estão falando a verdade. Na verdade, é só fumaça e vapor, um monte de nada sobre nada.

2. New English Bible – Revised Bible English

Em meados de 1946 a Igreja da Escócia sugeriu que a Assembléia Geral das Igrejas da Inglaterra produzisse uma nova versão em iglês, uma vez que consideravam a Versão Autorizada como arcaica e que dificultava a compreensão do leitor contemporâneo deles. Ao reconhecer a necessidade de uma nova tradução a Assembléia Geral convocou representantes das diversas Igrejas cristãs da Grã-Betanha (Batista, Anglicana, Congregacional, Metodista e outros conselhos eclesiásticos) para dirigirem e coordenarem o processo de tradução. A tradução foi realizada em três diferentes contextos: Velho Testamento, Novo Testamento e Apócrifos sendo ainda fiscalizado por outro grupo de verificação literária para o inglês. Segundo Michael Marlowe o coordenador geral desse empreendimento foi C.H. Dood acompanhado por diversos outros estudiosos em suas áreas de atuação[11].

Essa tradução nunca foi incorporada em larga escala entre os leitores do inglês e algumas de suas opções de traduções a fizeram ser rejeitadas em ambientes mais conservadores, apesar de ser considerada uma boa opção de tradução em diversos ambientes acadêmicos. Para os interessados em mais informações sobre essa versão, ver a crítica de F.F. Bruce, T.S. Eliot, Henry Gifford e C.L. Wrenn.

Essa versão verteu Jo.1.1 do seguinte modo:

“When all things began, the Word already was. The Word dwelt with God, and what God was, the Word was

“Quando tudo começou, o Verbo já era. O Word habitou com Deus, e o que Deus era o Verbo era”.

A opção de acrescer a expressão “habitou” na segunda sentença é provavelmente para oferecer um paralelo com Jo.1.14: “So the Word became flesh; he came to dwell among us” (O Verbo se fez carne e veio habitar entre nós).

Já a opção “o que Deus era o Verbo era” não é uma tradução, por assim dizer, mas uma explicação do sentido compreendido por seus tradutores. É essa opção uma má opção? Certamente não. Outra versão das escrituras conhecida como NET Bible (New English Translation) embora usem outra forma para traduzir o texto, em uma nota de tradução, o editores fazem a seguinte observação:

Traduções como a NEB, REB, e Moffatt são úteis para captar o sentido de João 1:1 c, que o Verbo era totalmente divindade em sua essência (assim como Deus, tanto quanto Deus, o Pai). No entanto, no Inglês contemporâneo “o Verbo era divino” (Moffatt) não captura completamente o sentido, já que “divino” como um termo descritivo não é usado em Inglês contemporâneo exclusivamente de Deus. A tradução “o que Deus era o Verbo era” talvez seja a tradução mais acertiva, transmitindo a idéia de que tudo o que Deus era em sua essência, o Verbo também era. Isso aponta para a unidade de essência entre o Pai eo Filho, sem igualar as pessoas.

É interessante notar que nessa nota os trinitários editores reconheceram que a tradução na NEB representa uma boa tradução. Então, por que não a adotaram? Segundo eles, os leitores modernos do inglês poderiam compreendê-lo de modo inadequado. É interessante, pois é exatamente o que acontece com as listas TJs de versões não trinitárias. Para eles essa versão é uma afronta a trindade. Quão equivocados estão!

Mais uma nota deve ser dita aqui: Aquele argumento do Escudo e da Ilusão acontece aqui mais uma vez: Nas listas TJ de versões não trinitárias eles separam a NEB da REB, que é a versão revisada da anterior. Note que os editores da NET Bible as identificam como duas versões, mas reconhecem que trazem a mesma leitura. Por essa razão aqui consideraremos na mesma seção. Para mais informações sobre a REB veja os comentários de Michael Marlowe, do site Innvista e Classic THIS LAMP.

 

3. Translator’s NT

F.F. Bruce afirma que essa é uma versão “mais especializada e que honoráveis tributos devem ser pagos” a ela. Segundo o mesmo autor ela poi pruduzida por um time de 35 especialistas sob a supervisãodo Professor W.D. MacHardy e foi preparada para auxiliar tradutores do NT a verterem para outros idiomas. Ou seja, essa versão serviu para ser uma ponte entre o Grego e outros idiomas para os quais o NT seria vertido, por essa razão foi chamado de Translator`s NT. O texto grego usado para produzir essa versão foi o UBS Greek New Testament.

Essa versão verte Jo.1.1c do seguinte modo:

“The Word was with God and shared his nature

E o Verbo estava com Deus e partilhava sua natureza

Excelente modo de expressar o uso qualitativo dessa frase. Mais uma vez uma versão trinitária. Deve ser realmente triste para um TJ perceber que seu argumento de Escudo e Ilusão está se tornando tiro no pé e fumaça.

4. Barclay`s New Testament

Esta versão foi produzida por William Barclay, professor de Teologia e crítica bíblica na Universidade de Glasgow e está dividida em dois volumes: (1) Os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos; (2) As cartas eo Apocalipse.

Barclay teve dois objetivos ao fazer essa tradução. (1) tentar fazer o Novo Testamento inteligível para o homem que não é um estudioso técnico e (2) fazer uma tradução que não precisa de um comentário para explicar isso.

Para suprir o segundo objetivo de sua obra, Barclay oferece às vezes uma paráfrase ou comentários em vez de uma tradução legítima, resultando em uma tradução que é, em certa medida interpretativa. Essa é a maior crítica a essa tradução, pois normalmente essas adaptações do texto representam um ponto de vista pessoal e não uma representação legítima do texto.

Observe que é exatamente isso que ele faz em Jo.1.1-3

When the world began, the Word was already there. The Word was with God, and the nature of the Word was the same as the nature of God. The Word was there in the beginning with God. It was through the agency of the Word that everything else came into being. Without the Word not one single thing came into being

Quando o mundo começou, o Verbo já existia. O Verbo estava com Deus e a natureza do Verbo era a mesma que a natureza de Deus. O Verbo estava lá no princípio com Deus. Foi através da agência do Verbo que tudo veio a existir. Sem o Verbo nem uma única coisa que veio a existir.

 

Contudo, note que a tradução aqui reflete o uso qualitativo mais uma vez: Mesma natureza entre o Logos e Deus, certamente não é esse o sentido auferido pela TNM que considera o logos uma divindade à parte do Pai. Como já disse, nada à parte do Pai tem sua natureza. Em outras palavras, mais uma versão que não anda com a TNM.

5. Philip Harner, no artigo “Qualitative Anarthrous Predicate Nouns: Mark 15:39 and John 1:1

Esse é um caso claro de que não trata-se de uma versão das escrituras, mas um comentário sobre um texto das escrituras. Nesse artigo considerei a tradução oferecida nas listas TJs de versões não trinitárias como uma paráfrase pelo fato de ser uma nota explicativa do autor e não uma tradução.

Philip Harner é mais um dos acadêmicos mal citados pela Sociedade Torre da Vigia. Na publicação “Should you believe in the Trinity?” (Deve-se Crer na Trindade?) como se defendesse a opinião da TNM. Infelizmente esse não é o caso.

Uma das citações de Harner que nunca são encontradas nas listas de defesa da TNM, ou das publicações da STV, é uma encontrada no mesmo artigo de onde os TJs usam como fonte para defender a TNM. Nesse artigo Harner disse sobre Jo.1.1c: “Em termos da análise que propusemos, um reconhecimento da importância qualitativa de theos iria remover alguma ambiguidade na interpretação através da diferenciação entre theos, como a natureza que o Logos compartilhada com Deus, e o ho theos como a “pessoa”, com quem o Logos se relacionava. Só quando essa distinção é clara é que podemos dizer do Logos que “ele era Deus”.

No artigo de Harner usado pela STV, vamos encontrar que o objetivo de Harner é antagônico ao apresentado na publicação “Should you believe in the Trinity?” (Deve-se Crer na Trindade?). Essa falta de caráter da STV por citar fora de contexto e retirando do texto afirmações inconvenientes à teologia TJ e fazendo com que um autor pareça dizer o que não diz deveria envergonhar um TJs devoto. Por que a STV usou de tamanho logro para defender a teologia TJ? Por que usar da mentira para defender suas opiniões? Infelizmente diante de Deus, duas mentiras não fazem uma verdade. Aliás, nem todas as mentiras podem fazer uma verdade.

Para que isso fique evidente, pretendo abaixo transcrever algumas declarações de Harner desse artigo para que fique evidente o logro da STV:

 

 

Talvez a cláusula pudesse ser traduzida, “o Verbo tinha a mesma natureza de Deus” Esta seria uma forma de representar o pensamento de João, que é, como eu entendo, que ho logos, é nada menos que ho theos , tinha a natureza de theos

 

Bruce Vawter explica o significado da cláusula de forma sucinta e lúcida: “A Palavra é divina, mas ele não é tudo da divindade, pois ele já foi distinguida de uma outra pessoa divina. [B. Vawter, O Evangelho segundo João (CMO; Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1968) 422.] Mas, em termos de nossa análise, é importante que nós compreendamos a frase “o Verbo é divino”, como uma tentativa de representar o significado da cláusula B em vez de D ou E. Indubitavelmente Vawter significa que a palavra é “divina” no mesmo sentido em que ho theos é divino. Mas o idioma Inglês não é tão versátil neste momento como o grego, e nós podemos evitar mal-entendidos a frase Inglês somente se nós estamos cientes da força especial da expressão grega que representa.

 

“A explicação de Rudolf Bultmann da cláusula também reflete uma apreciação qualitativa da força de theos especificamente sem reconhecê-la como tal. A cláusula significa em primeiro lugar, sugere ele, que o Logos é equiparado (gleicbgesetzt) com Deus, “er Gott war.” [R. Bultmann, Dai Evangelium der Johannes (Meyer 2; G6ttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1968) 16.] Bultmann entende por isso que não devemos pensar em termos de dois seres divinos, no sentido politeísta ou gnósticos. [Bultmann, Johannes, 16-17.] Assim, ele protege contra a cláusula de assimilar B para D ou E. Mas ele explica ainda que esta equação entre os dois não é uma simples identificação (Identifikation einfache), porque o Logos era pros ton Theon. [Bultmann, Johannes, 17.]”

 

Essas citações são suficientes para demonstrar o logro da STV suportados pelos seguidores TJs em suas listas de versões não trinitárias. Espero que o leitor razoável desse artigo possa perceber a fragilidade dos argumentes TJs com suas listas de versões e que o auxilie a perceber a maldade da STV em esconder a verdade em citações fora de contexto.

 

3. Traduções

Quando classifiquei as versões aliastadas pelos TJs, selecionei aquelas que podem ser consideradas traduções, mesmo quando as traduções oferecidas não são compatíveis com aquilo que acredito ser uma tradução consistente com Jo.1.1. Assim, com essa classificação não intenciono defender que a versão da TNM é uma tradução aceitável, muito embora algumas das versões listadas parecem entendê-la como plausível. Abaixo transcrevo essas versões.

A. Supostamente suportam a leitura da TNM

Do mesmo modo com o que aconteceu com as paráfrases, em algumas delas não encontrei informações sobre determindas versões. Isso aconteceu com duas:

  1. James L. Tomanec, 1958, [T]he Word was a God” um deus
  2. Thompson, 1829, “o Logos era um deus”

Ambas parecem consoantes com a TNM.

1. Willian Newcome e Thomas Belsham

A obra que os TJs tem em mente quando falam da versão de Newcome é “An Attempt toward revising our English Translation of the Greek Scriptures, or the New Covenant of Jesus Christ; and toward illustrating the sense by philological and explanatory notes”. Essa versão representa a primeira versão de Bíblia em ingles a usar o texto crítico de Griesbach de 1774.

David Norton, no livro A history of the English Bible as literature, diz que Newcome “foi o mais bem sucedido que todos (…) em formular princípios de revisão aceitáveis[12]”. Do mesmo modo que muitos antes dele estavam insatisfeitos com as antigas versões inglesas, Newcome desenvolveu princípios de revisão que orientaram sua obra. Norton também nos informa que um dos princípios que Newcome defendia para a tradução de um texto era o seguinte: “O tradutor deve expressar cada palavra no original por meio de uma tradução literal onde o idioma inglês permitir; onde não, não apenas a pureza, mas perspicácia e dignidade de expressão devem ser preservadas

Nas listas TJs de versões não trinitárias, a versão de Newcome é contada entre aquelas que traduzem Jo.1.1c como “e o Verbo era um Deus” e esse parece um equívofrequente. Na verdade, a versão de Newcome diz que o “Verbo era Deus” como KJV. Na verdade a versão que os TJs citam é a versão realizada por Thomas Belsham conhecida como The New Testament, An improved version upon the basis of Archbishop Newcome’s new translation with a corrected text and notes critical and explanatory.

Um proeminete líder unitarista chamado Joseph Priestly tentou publicar uma nova versão inglesa baseada no texto crítico de Griesbach, mas acabou morrendo um ano antes da consolidação desse projeto por Thomas Belsham, que produziu essa versão “melhorada” do texto de Newcome. Na introdução dessa versão “melhorada” seus editores fazem a seguinte observação sobre a versão de Newcome:

Em Justiça ao Arcebispo [Newcome], eles colocaram as palavras de sua tradução na parte inferior da página de onde eles derivaram a Versão Melhorada; e onde foi necessário, uma pequena nota foi feita, apresentando motivos da alteração

É por essa ração que na página 200 dessa obra lemos o texto com a versão Unitarista “e o Verbo era um deus”, mas com a nota de rodapé dizendo o seguinte:

e o Verbo era um deus – ‘era Deus’ – Newcome. Jesus recebeu a comissão como o profeta do Mais Alto, e recebeu poderes miraculosos extraordinários. Mas, na fraseologia judaica, eles chamavam deus aqueles a quem a palavra de Deus veio

Note que em justiça a Newcome eles transcreveram sua opção de tradução: “e o Verbo era Deus” Isso é importante ser notado, pois nas listas TJs Newcome tem sido profanado. Os editores também ousaram acrescer comentários para defender a opção unitarista e citam Crellius (de quem não temos mais informações) que suspeitava que o original deveria ser deuses, e considera tal suspeita como plausível mas sem autoridade.

2. Abner Kneeland

Abner Knneeland, também conhecido como pregador blasfemo, ou como o último homem nos Estados Unidos a ser preso por heresia. Na ocasião ficou sessenta dias na cadeia por ultrapassar a Liberdade de Expressão ao escrever no Jornal Boston Investigator dois artigos que geraram grande polêmica: (1) Universalists believe in a god which I do not (Universalistas acreditam em um deus que eu não acredito) e (2) Universalists believe in Christ, which I do not (Universalistas acredita em Cristo, que eu não acredito).

Um processo de ceticismo aconteceu na vida de Kneeland, que passou de pastor para universalista e para um último estágio que ele definiu com não ateu, mas panteísta. Em suas próprias palavras: “Deus e a natureza são a mesma coisa, por isso não sou um ateu, mas sou um pateísta”.

Esse é o homem por trás da sua própria versão do Novo Testamento. Para ele, Deus era “nada mais que uma quimera[13] da imaginação deles”, os universalisatas. Agora, faz mais sentido um pateísta dizer que o Verbo era um deus que um Unitarista. Se os TJs tem interesse apoiar sua tradução na de Kneeland, fica a critério deles. A mim não parece nada prudente.

 

3. Leicester Ambrose Sawyer

A versão de Leicester Ambrose é a “The New Testament, translated from the Original Greek, with Chronological Arrangement of the Sacred Books, and Improved Divisions of Chapters and Verses by Leicester Ambrose Sawyer”. Sawyer foi pastor Presbiteriano por muitos anos, e deicou-se a estudar as escrituras de modo aprofundado e a conhecer os idiomas originais. Entretanto, aous poucos abandou a doutrina da Inspiração das Escrituras. Depois disso tornou-se pastor da Igreja Congregacional e durante e sse período dedicou-se a escrever diversos livros. Posteriormente formou-se em direito e chegou a ser juiz. Entre as diversas obras que publicou, ficou conhecido por sua versão do Novo Testamento, que atualmente consta em diversas listas TJs de versões não trinitárias.

As listas TJs de versões não trinitárias dizem que leicester Ambrose teria traduzido Jo.1.1c como “e o Verbo era um deus” com artigo indefinido e letra minúscula para Deus. Entretanto, sugiro que o leitor procure esse livro, que é disponível gratuitamente na internet (veja aqui, e aqui), e abra na página 159. Para a supresa dos TJs ele traduz o texto: “e o Verbo era Deus”, contrariando o que os TJs afirmam sobre ele.

Esse é mais um exemplo de desonestidade para defender a infundada fé TJ.

 

4.  Antonios N. Jannaris

Jannaris era Grego, de Creta, professor de Grego Pós-Clássico e Moderno e autor do livro An Historical Greek Grammar and Lecturer on Post-Classical and other Greek dialects at the University of St. Andrews, Scotland. É provavelmente dessa obra que os TJs retiram a informação de que Jannaris traduziu Jo.1.1c indefinidamente.

Na verdade a tradução de Jannaris é de fato “e o Verbo era um deus”, entretanto essa tradução não suporta a visão da STV ou dos TJs em geral. Como isso seria possível?

Se o leitor tiver acesso ao artigo “St. John`s Gospel and the Logos” terá a supresa de descobrir que Jannaris defende que o termo gr. “Logos” (Verbo, Palavra) não faz referência a Jesus Cristo. Ele defende que João não usou o termo em referência a Jesus por que o termo nunca teria sido usado de modo pessoal antes. Na mente de Jannaris, o “logos” era na verdade a palavra de Deus falada em Gênesis 1. Nas palavras de Jannaris:

O termo logos refere-se ao bem conhecido enunciado ou spruch com os quais o mundo começou; a bem conhecida expressão oracular que Deus fez nEle mesmo e com a qual fez de modo instrumental na criação, é naturalmente representada como o poder criativo, um criador, ou seja, um deus, onde Deus e Criador são sinônimos[14].

A posição de Jannaris nunca foi adotada com afinco. Normalmente os acadêmicos tendem a rejeitar suas opções com relação ao uso do termo Logos, muito embora fosse proeficiente na língua que traduzia. Assim, é importante dizer que, por mais que a tradução de Jannaris graficamente seja idêntica a da TNM ela não suporta a leitura da TNM. Ou seja, mais uma vez, temos um acadêmico mal citado.

*       *        *       *       *

O que vemos até aqui é que a cada observação a lista TJ de versões não trinitárias de Jo.1.1 diminui, e somente as versões Unitaristas, e produzidas por hereges é que tem sobrevivido. Em poucas palavras o que podemos dizer disso é que a tentativa de se esconder atrás de um escudo tão pequeno e frágil não foi uma boa alternativa para defender a TNM, e que o logro e a desonestidade acadêmica performadas pelos TJs e pela STV são apenas uma tentativa de defender uma fé que não pode estar diante da verdade das escrituras.

B. Não suportam a leitura da TNM

As versões que vamos apresentar abaixo, em geral usam o modo qualitativo de tradução de Jo.1.1c e por isso não sustenta a leitura da TNM, como já tenho explicado. Como já aconteceu, para algumas dessas versões não consegui obter informações e aqui as transcrevo para apreciação dos leitores:

  1. William Temple, Archbishop of York, 1933, “e a palavra era divina”
  2. Ervin Edward Stringfellow (Prof. of NT Language and Literature/Drake University, 1943, “And the Word was Divine” (E a palavra era divina)
  3. Maximilian Zerwich S.J./Mary Grosvenor, 1974, “The Word was divine” era divina
  4. Ernest Findlay Scott “[A]nd the Word was of divine nature” de natureza divina

 

1. Earnest Haenchen: English translation of Haenchen’s commentary on John by Robert W. Funk

A primeira informação que devemos deixar aqui é que essa obra é uma obra realizada por um autor e ampliada em comentários por outro. Earnest Haechen é o pai da obra, mas foi Robert Funk que a adornou.

Como de costume da STV, uma de suas publicações[15] cita Haechen inadequadamente. Na verdade, essa publicação seleciona trechos da obra Das Johannesevangelium os picota para fazer frente às necessidades de defesa da versão TNM ou da agenda teológica da STV.

Os TJs, em suas infindáveis listas de versões não trinitárias, dizem que Haechen traduz Jo.1.1c como “In the beginning was the Logos, and the Logos was with God, and divine [of the category divinity] was the Logos” (No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus e divino [da categoria da divindade] era o Logos). Na verdade, essa informação está correta, mas não corresponde ao todo da verdade.

Contudo, por um momento vamos considerar tal tradução: Ela é ariana? De modo nenhum! Note que o autor equivale o Logos com a Divindade, o que na mente dos trinitários significa que Ele é coigual com Deus-Pai. O modo de tradução qualitativo é claramente preferido aqui, e se levado a sério, é um modo de tradução trinitária.

Tendo observado isso, devemos atentar para o fato de que para a STV Haechen parece defender as credenciais arianas dos TJs, entretanto o autor jamais teria adotado essa visão da Cristologia do Novo Testamento. Por retirar da citação informações importantes, a STV condiciona os TJs a pensarem que Haechen defende a TNM. Na mesma seção, Haechen diz o seguinte a respeito do Logos:

existe antes da criação e não fora criado; Ele partilha a supremacia de todas as distinções com Deus, o Pai, e Ele mesmo, o Logos é eterno

Os TJs se apóiam no fato de que Haechen ter dito que provavelmente o monoteísmo judaico optasse por ler Jo.1.1c como divino, como se fosse um ser divino à parte do Pai e não idêntico com Ele. Nas palavras Haechen, explicando esse fato diz: “não é uma questão de relacionamento dialético de dois em um, mas um relacionamento de duas entidades”.

De fato, Haechen disse isso, mas terminou essa mesma frase de um modo bem interessante: “e essa união pessoal corresponde a rejeição da igreja ao Patripassionismo”. Essa clausula é omitida do periódico da STV, pois completa a frase ela se opõe ao que querem os TJs. O Patripassionismo é uma forma de modalismo que defende que só há um Deus, e que Ele revela-se em modos diferentes como Deus, como Filho e como o Espírito Santo. É chamada Patripassionismo, pois em outras palavras defendem que o Pai morreu na Cruz (pater = Pai; passion= sofrimento; Patripassionismo).

Sobre a visão judaica da fé e a visão cristã, Haechen também acresce: “Mas, não há qualquer rivalidade entre o Logos como divino ou como Deus; a nova fé (cristã) não conflita com a fé monoteísta. Isso fica claro no verso 1c: ‘e divino (em essência) era o Logos’”. Em outras palavras, ele defende a divindade de Cristo e sua tradução, se vista como um todo, defende a fé trinitário contra heresias modalistas (Sabelianas) e arianas (TJ).

2. George William Horner

Como citar de modo equivocado, picotar informações, e impedir que a verdade seja percebida, mais uma vez as lista de verões não trinitárias são malfadas mai uma vez. Nessas listas eles incluem com freqüência George Willian Horner como autor de uma tradução que é compatível com a TNM.

Os TJs dizem que sua versão traduz Jo.1.1c como “e o Verbo era [um] Deus”. E isso é verdade, mas eles não dizem o que Horner traduz. A verdade sobre essa citação (fora de contexto e incompleta como de costume) provém da obra The Coptic Version of the New Testament in Southern dialect, otherwise called Sahidic and Thebaic. Ou seja, Horner está traduzindo a versão copta saídica e não o texto grego.

Ao que não são familirizados com essa obra sugiro que leiam o artigo “O que dizer da versão copta saídica?” para verificar mais uma das falácias TJ. Em poucas palavras o que podemos dizer aqui é que a versão copta saídica, diferente de todas as outras versões, acresce o artigo indefinido na sentença de Jo.1.1c como a TNM. Entretanto, diferente da TNM, acresce artigo definido e nomina sacra para o Logos em Jo.1.18 defendendo a divindade do Logos.

Quando observamos esse interessante detalhe nos perguntamos como para uma mesma tradução o Logos pode ser um deus e O Deus ao mesmo tempo? A resposta é encontrada na gramática copta que usa o artigo indefinido de modo qualitativo. Ou seja, de modo interessante é bem provável que essa versão defenda o uso qualitativo da versão grega que dispomos.

Mas, vamos voltar à tradução de Horner. Os TJs dizem que ele traduz “e o Verbo era [um] Deus” como se ele apoiasse a TNM, entretanto isso não é toda a verdade. Em nota à tradução acrescentou: “Os colchetes implicam em palavras usadas pelo copta, mas não requeridas pelo inglês” (HORNER, pp.376) (cf. Jo.1.33 e3.6 na tradução de Horner representam usos qualitativos).

Ou seja, esse é mais um exemplo de logro e fraude TJ, que por mais que a tradução pareça suportar a TNM, não o faz em nenhum momento.

3. James Moffatt

Em 1913, James Moffatt publicou o “The New Testament: A New Translation in Modern Speech, by James Moffatt”, baseado no texto critic de von Soden. Nesse period Moffatt era professor de Grego e Exegese do Novo Testamento no Mansfield College em Oxford. Sua versão do NT foi tão bem aceita, espcialemente ndas Igrejas mais liberais, que a produção do AT foi encarada com uma necessidade.

Apesar ter linguagem coloquial e rápida aceitação, essa versão também foi considerada muito controversa em diversos aspectos: (1) Moffatt no prefácio de sua obra deixou claro sua visão a respeito da veracidade das escrituras; (2) o texto grego que Moffat usou, o texto crítico de Hermann Von Sodden, sempre foi considerado um texto ecêntrico e adaptado. Moffatt adotou diversas das adaptações de Sodden, mesmo quando não tinha qualquer fundamentação manuscrita.; (3) a tradução de Moffatt foi embebida com diversas de suas interpretações teológicas e em algumas ocasiões chegou a levantar sérios adversores. Um dos exemplos clássicos disso é que ele reorganizou o evangelho de João, colocando o capítulo 14 após o 14 e 16. Em função de todas essas idiciocracias, alguns teólogos chegaram a considerar sua versão do NT como uma paráfrase.

Por que os TJs gostam tanto de citar a versão e o trabalho de Moffat? Por que em algumas ocasiões, Moffatt apresenta posições similares a eles. Por exemplo, em Jo.8.58 a tradução da TNM é muito parecida com a de Moffatt (Eu tenho existido antes de Abraão nascer). O texto grego que Moffatt traduz favorece a leitura da TNM em 1Tm.3.16 (Ele que foi feito carne). Entretanto, temos que ser conscientes que em Jo.1.1c ele não favorece a leitura da TNM, pois ele traduz:

“o Logos era Divino”

 

Como já tenho dito, a tradução qualitativa é uma excelente forma de traduzir o PN anartro e pré-verbal em Jo.1.1c e não minimiza em nada a verdade sobre o Logos como divino. Ou seja, embora Moffatt possa contar em outras listas de defesa da TNM, não o faz aqui em Jo.1.1c.

 

4. Robert Harvey

Provavelmente a referência que fazem os TJs ao trabalho de Harvey provém do livro “The Historic Jesus in the New Testament”. Se esse é o caso, na página 187 Harvey atesta a seguinte tradução auferida pelos TJs:

“and the Logos was divine (a divine being)”

“e o Logos era divino (um ser divino)”

Quando lemos apenas essa parte do trabalho de Harvey, também ficamos com a impressão que ele se posiciona como a STV e a TNM. Note que seu comentário para o uso qualitativo “divino” como tradução de Jo.1.1c nos faz pensar que ele entende o Logos como uma entidade a parte de Deus, embora ainda fosse divino. Mas, será essa a opinião de Harvey?

Pouco à frente ele também atesta:

Toda a história da vida de Jesus é recontada e reinterpretada como a manifestação temporal do Logos Eterno (…) O Verbo Eterno é plenamente e finalmente encontrado na pessoa de Jesus Cristo e suas palavras são sinais da Presença Divina” (PP.187).

Note que a Presença Divina a que se refere Harvey é uma referência a Deus e não à uma terceira espécie de Deus. Eventualmente poderíamos pensar que em Jo.1.1c Harvey conceituasse o Logos com um outro Deus pela breve e picotada que os TJs fazem dela, mas considerando o contexto de onde saiu essa informações, compreendemos mais um logro da lista.

Na página 189, Harvey deixa claro o que pensa a respeito do Logos e sobre ele diz:

As palavras ‘Eu sou’ são colocas nos ditos de Deus. ‘Antes de Abraão existir, eu sou’ e é óbvio que isso éuma referência ao Deus de Moisés na sarça ardente. Como o Logos, a Palavra Divina, Jesus naturalmente o é

Em outras palavras, o Verbo Divino, o Logos Eterno é o Verbo que estava com Deus desde o princípio. Ou seja, não é aquele que a TNM quer vender com sua tradução indefinida e malfadada.

 

5 . Hugh J. Schonfield

Hugh J. Schonfiel foi um acadêmico Britânico especializado em Novo Testamento e considerava-se um Judeu Nazareno, que significa que ele entendia que Jesus era Messias Judeu prometido nas escrituras Hebraicas. Em 1958 Schonfield lançou sua versão do NT conhecida como The Autentic New Testament (ANT), uma versão do NT não produzida para a Igreja. Dessa forma ele evitou usar termos que, segundo ele, representassem uma eclesiologia avançada. Por realizar esse trabalho mais como historiador preocupado com o Jesus histórico, do que como um teólogo preocupado com a doutrina, reorganizou o NT em parágrafos e não em versículos.

Uma das credenciais de Schonfield é que Cristo, como conhecido pelo Cristianismo, não é na verdade o Cristo revelado pelas escrituras. Para Schonfield, Jesus era consciente de sua obra messiânica e que teria realizado todo esforço possível para cumpri-la à risca e que ele nunca intencionou criar uma nova religião, mas cumprir a Aliança de Deus com o povo hebreu.

Essa distoção criada pelo Cristianismo, que se distanciou da mensagem original de Cristo (na opinião dele), ocorreu por diversos motivos, mas especialmente por causa do Saulo de Tarso (apóstolo Paulo) a quem Schonfield considerava um doente mental.

No ANT ele traduziu Jo.1.1c do seguinte modo:

“the Word was divine “ a palavra era divina”

6. J. Edgard Goodspeed

Em 1923, Edgard Goodspeed lançava pela University of Chicago Press (UCP) sua nova tradução do Novo Testamento conhecida como An American Translation, que posteriormente ganhou sua versão do AT (1927), da Bíblia toda (1931), dos livros apócrifos (1938) e da Bíblia com os livros apócrifos (1939).

A tradução do NT de Goodspeed foi concebida por Guy M. Crippen, editor da UCP que o havia ouvido falar sobre as deficiências das traduções de Moffatt e Weymounth. Posteriormente Goodspeed foi convidado por Crippen a traduzir e publicar um novo Novo Testamento.

Goodspeed foi um acadêmico que dedicou-se a escrever para o público leigo e diversas de suas obras foram destinadas a esse público, incluindo sua versão do Novo Testamento. Por isso, o prefácio de sua obra inicia com a seguinte sentença:

O Novo Testamento não foi escrito no grego clásssico, nem no grego bíblico da versão grega do Antigo Testamento, nem no grego literário do seu tempo, mas na linguagem comum do dia-a-dia (…) Por isso, segue-se que a forma mais apropriada para o Novo Testamento é simples, direta nas expressões diárias do Inglês.

Em um NT que tinha essas características, Goodspeed traduziu do seguinte modo Jo.1.1c

“a palavra era divina”

Mais uma vez o uso qualitavo usado para descrever o PN anartro e pré-verbal, ou seja, mais uma vez uma tradução que não suporta a TNM.

7. Charles Cutley Torrey

O último tradutor que vamos observar é Charles Cutley Torrey. Na verdade, quando observei a lista oferecida pelos TJs, vi apenas o nome Torrey e logo pensei que fosse A.R. Torrey, o que faria dessa citação um grande equívoco. Entretanto, os TJs estão falando de C.C. Torrey, conhecido como um historiador, arqueólogo, cujo trabalho apresentou evidências manuscritras que suportavam visões alternativas sobre o cristianismo e o islamismo. É o fundador da American School of Archaeology em Jerusalém.

Torrey estudou em Bowdoin (Maine) College e no Andover Theologycal Seminary e lecionou linguas semitas nas universidades de Andover e Yale. Também publicou o livro The Composition and Historical Value of Ezra-Nehemiah que ofereceu um olhar crítico e reorganizador dos livros de Esdras e Neemias. Também defendeu que Isaías 34-35 e 40-60 referem-se a um Segundo Isaías datados cerca de 400 a.C. e que Ezequiel na verdade é uma revisão de um texto pseudo epigráfico do terceiro século. Também traduziu os evangelho do aramaico na obra Orinal Aramaic Gospels (1912), além das obras Our Translate Gospels (1936) e The Four Gospel: A New Translation (1933).

Na lista TJ que recebi, eles alegam que Torrey teria traduzido Jo.1.1c como “a palavra era deus” com d minúsculo. Entretanto, não ofereceram a que obra essa tradução se refere. Contudo, como a última versão citada é diposponível na Internet, sugiro que o leitor veja com os próprios olhos que essa lista está equivocada novamente. Torrey nessa obra diz:

“e o Verbo era Deus”

Se a referência é à essa obra, infelizmente, os TJs estão equivocados novamente. Se for frente às outras duas, temos que lembrá-los que Torrey estaria a traduzir outro idioma e não o grego. Como nossa pergunta aqui é como o grego deve ser traduzido, Torrey não auxilia os Tjs em nada.

4. Conclusão

Qual é o veredito que auferismo quando observamos essa lista de versões?

1. Que a grande maioria não defende a leitura da TNM;

É importante lembrar que essas listas são usadas aos montes em debates na internet para assustar leitores desapercebidos. Eles usam essa lista como fundamento para o seguinte argumento: Se a TNM está errada, todas essas também estão? Para isso respondemos: Todas as versões que traduzem indefinidamente Jo.1.1c estão equivocadas tanto quanto a TNM. Mas, o mais importante é que essa lista em grande parte não sustenta, defende ou apóia a TNM, e apresentar essa lista é um tiro no pé.

2. Que a grande maioria dos autores dessas versões não defende a leitura da TNM;

Após analisarmos as citações e versões, descobrimos que, embora a lista tenha diversos nomes e versões, a grande maioria deles não defende a TNM. Quando analisamos um comentário sobre a tradução, como o de Newcome, Young, descobrimos que houve desonestidade na apresentação das suas opiniões: Eles se opõe ao que afirmam os TJs e a TNM.

3. Que a grande maioria é mal citada, citada em partes ou adulterada (Heachen, Horner, Jannaris, Sawyer, Newcome, Harner, Mckenzie) para defender a TNM

Nós também observamos que a STV e os TJs citam de modo propositadamente equivocado ao trabalho de Harner e Horner, que são autores trinitários em defesa da tradução qualitativa ou definida de Jo.1.1c. Também vimos que citaram apenas parte do trabalho de Jannaris para que deixasse a impressão de que ele defenderia a TNM. Também observamos que adulteraram as opiniões de Newcome, Mckenzie e Heachen. Se a fraude é a forma que os TJs querem defender a fé, isso é um problema deles, mas não podemos nos associar a esse tipo de desonestidade.

4. Que muitas das versões que os TJs afirmam que suportam a TNM na verdade não apóiam e são contrárias a ela (Haenchen, Torrey, Goodspeed, Schonfield, Harvey, Moffatt, Scott, Sawyer, Harner, Barclay, Translator’s NT, NEB, REB, Young)

Se a intenção dos TJs era nos surpreender com uma lista tão grande eles alcançaram seu objetivo. Estamos supresos com a quantidade de fraude necessária para defender a TNM.

5. Que algumas das versões que parecem suportar a leitura da TNM (Horner; Jannaris) se analisadas adequadamente não suportam;

Já tenho dito que desonestidade é o fundamento da argumentação das listas. Citar Jannaris ainda é um pouco plausível, mesmo que o façam dizer o que não disse. Mas, Horner é uma atrocidade. Vamos reconhecer a possibilidade de que o TJ que montou essa lista não sabia que Horner não traduzia o grego. Ainda assim, o apelo à ignorância da falta de pesquisa nos faz reconsiderar a credibilidade acadêmica de quem defende uma lista malfadada como essa.

6. Que algumas das versões que suportam a TNM são desconhecidas (William Temple, Ervin Edward, Maximilian Zerw, James L. Tomanec, Thompson);

Desculpem-me a ignorância, mas não encontrei informações seguras sobre essas versões, e ainda assim, pela tradução oferecida a algumas delas (Temple, Edward e Zerw) nem suportam a TNM. A versão Thompson, se é a famosa versão de Thompson, o que não tenho certeza, certamente é antagônica a TNM, mas não posso saber a que versão ou citação os TJs fazem referência aqui.

7. Que algumas das versões que suportam a TNM são produzidas ou por hereges (Kneeland) ou por outros unitaristas (Madsen, Belsham, Harwood)

É interessante o apelo a hereges que os TJs tem ao defender a TNM. Além de Graeber, o espírita tradutor instruído por um espírito a traduzir (note que ele tem sumido das listas de versões não trinitárias) os Tjs resolveram se apoiar em Kneeland, um ex-universalista (já herege) e panteísta. Eu teria vergonha de defender a verdade com a mentira, mas os TJs precisam de números em suas listas e uma vez que Kneeland não é muito conhecido, ele poderia fazer número nessa lista. Outro detalhe importante é que a lista tem três autores unitaristas e dois deles ainda não são tão fiéis a TNM. Apenas Belsham, que é um adulterador das escrituras, é que é compatível com a TNM.

8. Que essa lista é uma fuga para evitar conversas sobre a gramática grega (que a grande maioria dos TJs são incapazes de assumir)

Um fato interessante sobre um TJ de médio porte de informação sobre gramática grega que se aventura a criticar todo mundo em fóruns e blogs pela internet, quando precisam falar sobre a tradução de Jo.1.1c logo dão CRTL+C, CRTL+V nessas listas e postam na intenção de provocar fumaça e se esconder atrás de questões que não tem condições de avaliar. A verdade é que a grande maioria dos TJs que se dão ao trabalho de defender a TNM não tem credenciais acadêmicas para falar sobre grego. Já vi supostos professores de grego e hebraico confundirem usos simples de preposição, casos de substantivos e tempos verbais, o que demonstra que não são tão habilitados em grego como querem se apresentar. Bom, o que acontece quando eles não tem como argumentar, eles usam a listinha para fugir de um debate que não tem condições de levar adiante. É verdade que a grande maioria dos trinitários também não tem credencial em línguas originais, mas diferente dos TJs não dependem da tradução produzida por sua própria organização para defender a própria fé.

9. Que apenas um ato desesperado de defender uma fé infundada montaria uma lista tão fraudulenta como essa para se esconder atrás das mentiras que ela oferece.

Não preciso dizer muito sobre isso, apenas que deve ser o desespero que montou essa lista e a ignorância que a mantém nas listas de blogs e fóruns intenert à fora. Se um TJ pesquisasse de verdade essa lista, deveria ter vergonha de ver seus amigos TJs fazendo uso dela.

10. Que apenas a fé cega poderia abraçar essa lista como ferramenta de defesa de uma fé infundada.

Fé cega, aquela não habilitada a pesquisa, que não pode encontrar a verdade fora da STV, que condena todos os acadêmicos que discordam da STV e que se acham os únicos verdadeiros salvos. No meu blog você pode encontrar um TJ que apresenta seu ódio contra um texto simples que escrevi sobre 1Jo.1.1-3 me chamando de desonesto, desinformador e dizendo que tinha ódio dos TJ por que eles são os verdadeiros luzeiros de Deus nesse mundo. Só a fé cega pode ter uma visão tão elevada de si mesmo.

11. Que apenas pessoas cegadas por convicções teológicas manterão essa lista depois de analisá-la.

Isso é um fato importante. Se um TJ analisar essa lista adequadamente e a manter, é por que é um desinformador desonesto. Quando falo sobre analisar, não estou dizendo que minha análise é final, ou que minha análise irá mudar o modo como o TJ entende essas versões, mas que se ele mesmo se der ao trabalho de percorrer o caminho da pesquisa e descobrir a verdade sobre essa lista e a manter é por que é cego e desonesto.

12. Que é necessária a desonestidade e falta de caráter para deturpar tantos acadêmicos e versões desse modo para defender a fé.

Se essa lista foi montada com consciência da verdade sobre elas, seu autor é uma fraude e não digno de confiança, pois é mentiroso e deturpador. Se, por outro lado, foi montada na ignorância dos fatos sobre essas versões, seu autor é cego e sem credibilidade acadêmica, pois não se deu ao trabalho de pesquisar. Se a segunda opção é a verdadeira, tal autor não está preocupado com a verdade, mas com a quantidade de versões que pode usar em um fórum ou blog para parecer conhecedor de um assunto que pela lista que usa demonstra que não conhece verdadeiramente.

13. Que é necessária o intelecto corrompido para usar essa lista como defesa de uma tradução

Do mesmo modo, se há conhecimento da verdade sobre as versões, e ainda assim usa-se tal lista fraudulenta, é necessário intelecto corrompido. Por outro lado, se é apenas ignorância, há falta de pesquisa o que prova ignorância (no sentido de falta de informação).

14. Que tal lista não ajuda em nada o dilema de tradução de Jo.1.1

Esse é o ponto fundamental. TJs acreditam que se puderem confundir pessoas com a tradução de Jo.1.1c com uma enorme lista ficará evidente que eles estão certos. Mas, isso não é verdade. Esse ato não valida o modo de tradução da TNM. Aliás, se todas as versões suportassem a leitura da TNM ainda assim ficaríamos no mesmo lugar, pois isso não diz que tal tradução é correta, apenas que outras pessoas a fizeram. A questão não respondida é: Por que a tradução indefinida é correta enquanto todas as outras que são qualitativas ou correltas estão erradas? Essa lista não ajuda em nada, é apenas um pequeno e frágil escudo para se esconder atrás de uma questão que não consegue responder; e ilusão, para dar a impressão de que tem autoridade acadêmica e pesquisa, mas não passa de uma frágil ilusão.

15. Que perdi meu tempo analisando uma lista que não resolve nenhum problema de tradução de Jo.1.1 enquando conversava com um TJ que achava estar se defendendo com essa lista fraudulenta.

Eis um fato inegociável: Perdi meu tempo. Fui analisar uma lista que supostamente defendia a TNM e descobri que na sua grande maioria não o faz. Descobri também que tal lista não auxilia em nada a tradução de Jo.1.1c, aliás, só apresenta outras traduções de outras pessoas. Também descobri que o fundamento dessa lista é a fraude, mas ainda assim não entendi por que a TNM traduz do modo como traduz. PERDI TEMPO, aprendi pouco, mas espero que essa pesquisa seja útil para TJs abrirem os olhos cegos e para que outros cristãos possam usá-la em blogs e fóruns internet à fora.

Na verdade, com essa breve análise, espero poupar tempo de outros cristãos para que usem o recurso mais usado por TJ na internet: CRTL+C, CRTL+V para auxiliar TJs a perceberem a infelicidade de se assumir uma lista como essa.

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[1] CARSON, D.A., A exegese e suas falácias. pp.80-1

[2] TNM: “Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová” – Nem precisamos dizer que tal tradução é tendenciosa, precisamos!?

[3] Bruce Metzger, Theology Today – Jehovah`s Witnesses and Jesus Christ, pp.75

[4] Paul Stephen Dixon, “The Significance of the Anarthrous Predicate Nominative in John” (Th.M. thesis, Dallas Theological Seminary, 1975). IN: Daniel Wallace, Grammar Greek beyond the Basics. Pp.267

[5] Minha preferência de tradução para essa expressão seria: “de tipo semelhante a Deus”.

[6] Bruce Metzger, Theories of the Translation Process” (Bibliotheca Sacra 150:598, PP.140-150)

[7] Michael Marlowe, Harwood’s “Liberal Translationof the New Testament” 1768.

[8] On the Authorized Version of the New Testament, in Connexion with Some Recent Proposals for its Revision (2nd ed. London: John W. Parker and Son, 1859), p. 57. IN: Michael Marlowe, Harwood’s “Liberal Translationof the New Testament” 1768.

[9] Ron Rhodes Reasoning from the Scriptures with the Jehovah’s Witnesses p.103-104

[10] Charles Holt, Recommended: The Simple English Bible (NT) – The Examiner (Vol.3, no.5).

[11] Michael Marlowe, The New English Bible.

[12] David Norton, A history of the English Bible as literature. Pp259-260.

[13] Uma referência a um ser mitológico que soltava fogo pelas narinas comumente representado com a cabeça de um leão, corpo de bode e rapo de serpente. Uma provocativa analogia para aqueles que acreditam em Deus.

[14] Antonios N. Jannaris, John`s Gospel and the Logos, pp.21.

[15] Watchtower Magazine, Dezembro 15, 1985, p 25.

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